Circularidade no mobiliário: O crescimento da economia circular na renovação, design e gestão de móveis para hotéis e edifícios

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Circularidade no mobiliário: O crescimento da economia circular na renovação, design e gestão de móveis para hotéis e edifícios
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Circularidade no mobiliário: O crescimento da economia circular na renovação, design e gestão de móveis para hotéis e edifícios

Alguns anos atrás, quando fui convidado para colaborar na renovação do mobiliário de um pequeno hotel boutique, não imaginava a complexidade que seria encontrar um destino final para cadeiras, mesas e camas que, embora antigas, estavam em excelente estado. Essa experiência revelou algo que agora os dados comprovam: a gestão tradicional de móveis na indústria da hospitalidade e na arquitetura comercial está passando por uma transformação profunda, conduzida pela economia circular.

Hotéis, escritórios em prédios corporativos e a indústria do mobiliário estão adotando a circularidade com uma força nunca vista antes. Mais do que uma tendência ou uma exigência legal, estabelecer processos e designs circulares tornou-se uma necessidade competitiva; isso diminui custos, agrega valor à marca e atende às demandas de clientes e empresas.

O desafio da renovação: por que o mobiliário é fundamental na economia circular de edifícios e hotéis

Qual a importância de implementar a circularidade nos móveis? De acordo com a câmara alemã da indústria do mobiliário, somente a renovação anual de hotéis e escritórios na Europa gera milhões de toneladas de resíduos de móveis. E isso considerando que cerca de 70% desses móveis poderia receber uma segunda vida útil caso as empresas e gestores adotassem estratégias circulares.

  • A renovação média em hotéis troca mais de 60% do mobiliário a cada 8 anos.

  • Edifícios corporativos e comerciais geram até 20 quilos de resíduos de móveis por metro quadrado a cada ciclo de reforma.

  • Entre 30% e 40% do mobiliário renovado acaba em aterros municipais, segundo relatório da Earth5R.

Aplicar a economia circular ao mobiliário não é apenas uma questão ambiental. Em toda renovação significativa, os custos logísticos, o desperdício e a reputação da empresa também são fatores importantes. Por isso, hotéis e empresas líderes estão revolucionando a forma como gerenciam seus móveis, priorizando:

  • Prolongar a vida útil dos móveis por meio de recondicionamento ou reutilização.

  • A gestão colaborativa com ONGs e outras organizações sociais para dar um novo propósito ao mobiliário (doações, upcycling e reciclagem criativa).

  • Redesenhar ambientes utilizando móveis remanufaturados ou reciclados, mantendo estilo e funcionalidade.

Casos práticos: circulando mobiliário em hotéis e edifícios

Um dos exemplos mais relevantes é a transformação da rede de hotéis Marriott, que desde 2020 implementou um sistema próprio para registrar o histórico de cada móvel em suas operações na Europa. Graças a essa rastreabilidade, eles conseguem realocar peças em outros hotéis, recondicioná-las ou até doar para organizações sociais locais. Essa prática não só diminui o impacto ambiental, mas também melhora a percepção da marca entre hóspedes cada vez mais conscientes sobre o impacto da estadia, conforme constatei em uma recente visita ao hotel em Düsseldorf.

Outro exemplo vem de várias universidades do norte da Europa, que criaram “bancos de móveis” compartilhados entre seus campi e edifícios. Eles recuperam sistematicamente mesas, cadeiras e estantes que seriam descartadas, distribuindo conforme as reais necessidades de cada unidade. O resultado: economia de até 35% nas compras de móveis novos e significativa redução de resíduos.

Design circular e escolha de materiais: o novo segredo do mobiliário profissional

Um móvel circular não deve apenas resistir ao tempo, mas também ser facilmente desmontável, reparável e reposicionável. Cada vez mais fabricantes, muitos na Alemanha e Escandinávia, adotam componentes modulares, fixações parafusadas e matérias-primas certificadas que simplificam e barateiam o recondicionamento.

O design circular também implica um compromisso na escolha dos materiais: uso de madeira certificada FSC, metais e plásticos recicláveis, tecidos livres de substâncias tóxicas e sistemas de marcação que facilitam a reintegração no ciclo industrial. O novo regulamento europeu de ecodesign já estabelece critérios para têxteis, móveis e outros produtos visando prolongar a vida útil e facilitar a reutilização.

Circularidade, marketing e reputação corporativa: por que contar a história por trás do móvel é importante?

Na minha experiência com consultoria para marcas imobiliárias e hoteleiras, o impacto real não está apenas na economia ou no cumprimento das normas, mas na história que cada empresa pode contar. Explicar que as cadeiras do lobby foram recondicionadas em oficinas locais, ou que móveis antigos foram doados para uma escola próxima, transforma uma simples renovação em um verdadeiro marketing verde, elegante e emocional.

Mesmo quando a logística é complexa, a oportunidade de fortalecer o branding e diferenciar o negócio é concreta: dados da Earth5R mostram que hotéis e espaços comerciais que comunicam suas iniciativas de circularidade em canais e plataformas digitais obtêm maior fidelização e valorização perante um público premium.

Como organizar um ciclo circular rentável: passos práticos para arquitetos, designers e gestores hoteleiros

  • Faça um inventário completo com o estado de conservação. Um registro fotográfico simples e uma planilha básica ajudarão muito na hora de planejar recondicionamento, redistribuição ou doação.

  • Procure antecipadamente gestores circulares: oficinas de recondicionamento, ONGs ou plataformas de reutilização podem atuar na sua região.

  • Considere redesenhar os ambientes integrando móveis recondicionados ou remanufaturados. Existem ferramentas como Virtual Staging que permitem experimentar visualmente diferentes propostas antes da decisão.

  • Documente o destino final de cada móvel: uma planilha clara ajuda a comprovar a circularidade, facilitar auditorias e criar conteúdo para redes sociais ou site.

  • Compartilhe a história circular: transforme uma gestão responsável em diferencial para sua marca, propostas e portfólio comercial.

Além da legislação: o que vem para o mobiliário circular?

A tendência da economia circular ganhará ainda mais impulso nos próximos anos, motivada tanto por regulamentações europeias (como o ESPR na Alemanha e diretrizes de ecodesign para hotéis e grandes edifícios em toda a União Europeia) quanto por mudanças culturais entre consumidores e empresas.

Na minha visão, os próximos passos envolverão:

  1. Desenvolvimento de plataformas digitais para rastreabilidade e troca. Isso permitirá compartilhar móveis, componentes e materiais globalmente de modo eficiente.

  2. Materiais inteligentes com autodiagnóstico: facilitando o recondicionamento ou reciclagem automática.

  3. Parcerias entre fabricantes, gestores de reciclagem e designers para fomentar redes de economia colaborativa.

Acesso a soluções digitais e inteligência artificial para seleção, visualização e reutilização de mobiliário me deixa otimista. Plataformas como Deptho oferecem grande suporte às equipes de design e gestão. Se quiser explorar o potencial de visualizações hiper-realistas aplicadas ao reaproveitamento e recondicionamento de ambientes, recomendo conhecer nossas ferramentas criativas e combiná-las com processos de economia circular reais.

Checklist rápido para começar (e evitar desculpas):

  • Faça um inventário fotográfico básico (fotos feitas com celular são suficientes).

  • Pergunte a outros edifícios ou hotéis da sua rede se precisam de algum móvel que pretende remover.

  • Encontre uma oficina local especializada em recondicionamento de móveis.

  • Compartilhe suas iniciativas circulares nas redes sociais e no site corporativo (sim, os clientes valorizam isso).

Considerações finais e recursos para começar hoje

O salto para a circularidade não é responsabilidade exclusiva das grandes cadeias ou dos escritórios com mais recursos. Quem lidera se destaca: atualmente, nenhum cliente permanece indiferente a uma narrativa sólida de sustentabilidade real e profissional. Consultores, arquitetos, gestores hoteleiros e empreendedores podem iniciar processos circulares já na próxima renovação, aumentando lucratividade, reputação e, acima de tudo, impacto positivo. Para aprofundar outros aspectos essenciais da sustentabilidade e da otimização de espaços, recomendamos a leitura dos nossos artigos no blog e a exploração das soluções visuais disponíveis no Deptho, criadas para profissionais que buscam uma mudança genuína.