Da primeira ideia ao projeto construído: Como a engenharia digital e a tecnologia estão transformando a colaboração na obra

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Da primeira ideia ao projeto construído: Como a engenharia digital e a tecnologia estão transformando a colaboração na obra
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Da primeira ideia ao projeto construído: Como a engenharia digital e a tecnologia estão transformando a colaboração na obra

Quantas vezes você já viu uma grande ideia de design se tornar inviável porque os fluxos entre arquitetura, engenharia e construção não são ágeis o suficiente? Como arquiteto, confesso que anos atrás naturalizava os “loops” intermináveis de revisão e a troca eterna de plantas e e-mails. Mas hoje, a engenharia digital nos permite romper radicalmente com esse paradigma antigo e encarar a colaboração como um processo iterativo, visível e (finalmente) verdadeiramente interdisciplinar.

Hoje conto essa transformação a partir da minha própria experiência, revisando dados concretos do setor, estudos recentes e a aplicação dessas ferramentas em obras reais. Este artigo faz um percurso: desde o primeiro esboço conceitual até a entrega final e operação inteligente de um edifício.

Colaboração digital: o salto de qualidade

Durante muito tempo, a colaboração na obra era quase artesanal: plantas à mão, visitas, atas, e-mails e reuniões presenciais. O salto acontece quando a digitalização transforma essas plantas – e as informações de cada disciplina – em modelos vivos, conectados e compartilhados em tempo real. O modelo BIM (Building Information Modeling) é a estrela dessa revolução, mas não está sozinho. A nuvem, a inteligência artificial, a automação e os sistemas de gestão visual (VDC, Digital Twins) são aliados fundamentais.

Segundo a consultoria Cyient, uma das líderes em engenharia digital e automação, 49% do mercado global de soluções digitais para engenharia e construção já está na América do Norte, e 31% na EMEA (Europa, Oriente Médio e África), números que ilustram a penetração desses modelos colaborativos em segmentos de altíssima complexidade e grande volume de negócios (ver relatório Cyient 2025). A aceleração é tamanha que o relatório aponta apenas 1,6% de desaceleração global em um ano tumultuado, sintoma de enorme resiliência e confiança na digitalização.

A era do modelo vivo: BIM, nuvens de pontos e gêmeos digitais

Hoje o processo quase sempre começa por um modelo digital: desde o plano convertido em nuvem de pontos (por exemplo, por meio de escaneamento a laser 3D), passando pela exploração de variantes com inteligência artificial ou ferramentas de visualização como o Deptho, até a concretização do working model BIM. Os avanços em escaneamento e modelagem permitiram não só documentar patrimônio e reabilitação – como exemplifica o trabalho de Miguel Azenha com edifícios históricos (Azenha, 2024), mas sobretudo viabilizam a sincronização de dados estruturais, instalações elétricas e detalhes construtivos em um mesmo ambiente vivo. Isso, honestamente, muda a forma de tomar decisões técnicas nas salas de coordenação e no canteiro de obras.

O novo padrão de interação: Plataformas e automação

As plataformas de gestão e automação, como Autodesk Construction Cloud, Trimble Connect, Procore, Dalux, ou plataformas de IA para conteúdo visual como Deptho, desempenharam um papel fundamental em uniformizar e conectar as diferentes fases: design, engenharia, orçamento, obra e facility management. Não é raro que um construtor interaja – na mesma plataforma e em segundos – com o modelo do arquiteto, receba revisões de engenharia e registre observações em tempo real diretamente do canteiro. Como resultado, os erros devido a plantas desatualizadas caíram drasticamente em empresas que adotam esses fluxos automáticos.

  • 77% das empresas que implementam fluxos digitais “design-to-build” reportam redução de conflitos na obra e menos retrabalhos (fonte:Cyient, 2025).
  • As empresas que adotam automação em processos de design e compras conseguem reduzir até 25% do tempo total de coordenação pré-obra.
  • A rastreabilidade digital na obra é a nova norma: tudo fica auditado, atribuído e disponível até mesmo via dispositivos móveis ou wearables.

Casos reais: do patrimônio ao skyline moderno

Um dos projetos mais ambiciosos de 2025, a Global Sports Tower em Riade, é um bom exemplo da escala e ambição da gestão digital colaborativa. Toda a licitação do projeto está fundamentada em modelos digitais e fluxos de integração desde o primeiro dia, algo impossível de garantir com metodologia tradicional (ver detalhes da licitação). Isso se repete desde a reabilitação de edifícios históricos (que exigem modelagem BIM patrimonial e escaneamento) até torres de última geração onde o MEP – as instalações eletromecânicas – fluem em um mesmo modelo de controle.

Como implementar isso em projetos médios e pequenos?

Não é preciso ser uma multinacional nem um projeto de centenas de milhões para adotar parte desses aprendizados. Compartilho uma mini guia baseada na experiência acumulada como consultor para escritórios pequenos e PMEs de arquitetura e engenharia:

  1. Digitalizar o modelo desde o início, mesmo que seja apenas na escala 1:100 ou para usar como base para renders e revisões com o cliente.
  2. Unificar a comunicação em plataformas colaborativas (Notion, Trello, Monday, BIM 360, Dalux). Oferecer uma “single source of truth” minimiza dispersões.
  3. Utilizar ferramentas de revisão visual como Free Mode do Deptho ou Sketch to Render, que permitem corrigir variantes e obter o OK do cliente antes de ir ao detalhe técnico.
  4. Registrar todas as mudanças e revisões chave: reduz o risco de erro e permite justificar qualquer diferença perante terceiros (empreiteiros, clientes, etc).

Fica claro que a tecnologia não substitui o critério nem a criatividade: ela potencializa porque reduz o tempo perdido em tarefas repetitivas, libera as equipes do “micro-management” e deixa os profissionais focados na solução de problemas complexos e no detalhe de qualidade.

O futuro próximo: interoperabilidade, IA e controle preditivo

Algo que me fascina em trabalhar com equipes globais hoje é como a interoperabilidade (a capacidade de fluir entre diferentes softwares e disciplinas) está tornando “normal” que um arquiteto na Espanha e um engenheiro no Brasil colaborem em tempo real, cada um com seu stack preferido. Ferramentas de IA – como Adtive do Deptho, que permite criar variantes de anúncios ou documentações visuais em segundos – abrem a porta para personalizar a apresentação conforme a plataforma/cliente.

Na construção avançada, o controle preditivo via IA permite antecipar problemas de fornecimento, otimizar movimentações na obra, gerir recursos e reduzir o risco de paralisações, aplicando modelos de machine learning e análises em tempo real a dados de sensores e plataformas digitais. Grandes do setor já consideram isso um ponto de inflexão para rentabilidade e desempenho (você pode ver benchmarks e casos de integração em Modern Steel, julho 2025).

E o fator humano? Cultura colaborativa e aprendizado

Talvez o maior desafio não seja técnico, mas cultural: aceitar que os processos são cada vez mais abertos, documentados e menos hierárquicos. O aprendizado colaborativo não acontece apenas porque exista uma boa ferramenta digital, mas porque se reduz o medo de errar e se promove uma cultura de registro, visualização e revisão contínua.

Nas minhas primeiras obras com BIM, a frase recorrente entre os mais experientes era: “E quem fez isso? Quem mudou essa parede sem avisar?” Agora, tudo fica registrado e as discussões focam na melhor solução, não em buscar culpados. Posso dizer que essa dinâmica é oxigênio puro para a criatividade coletiva.

Reservatório de conhecimento e legado digital: o próximo grande passo

Ao contrário do passado, quando muito do “fazer” se perdia em pastas, e-mails ou simples memórias da equipe, hoje o modelo digital pode se tornar um verdadeiro reservatório de conhecimento: desde a base de fornecedores e materiais (como destaca o relatório anual da SANBI (SANBI 2024)) até a memória de cada iteração de design construtivo ou soluções de obra. Na prática, quando uma nova equipe assume uma fase posterior (facility management, manutenção, futura reabilitação), acessam um “manual vivo” além dos típicos as-builts incompletos.

Se quiser aprofundar em outras inovações que estão redefinindo o ciclo de vida dos edifícios e sua gestão visual, recomendo o artigo sobre gêmeos digitais e BIM em nosso blog, complementando este percurso.

Chaves para integrar a engenharia digital no seu escritório, construtora ou incorporadora

  1. Defina pequenos pilotos: adote uma única tecnologia ou um fluxo automatizado no seu próximo projeto pequeno, meça resultados concretos.
  2. Capacite a equipe: não basta o software, é preciso formar práticas colaborativas, definir responsáveis pelo modelo digital e seguir protocolos de revisão.
  3. Avalie a interoperabilidade: certifique-se de que seus sistemas possam dialogar com os de outros (fornecedores, engenheiros, subcontratados). Invista em APIs ou integrações, se necessário.
  4. Faça acompanhamento de métricas: meça a redução de retrabalho, detecção de conflitos e tempos de processamento comparados aos métodos tradicionais.
  5. Compartilhe as lições aprendidas: divulgar acertos (e erros) internamente cria uma cultura de melhoria contínua e acelera a adoção.

Você já usa algum fluxo digital colaborativo? Tem dificuldade para convencer sócios ou a equipe técnica? Compartilhe nos comentários seus aprendizados, dúvidas e ferramentas preferidas.

Conclusão: a verdadeira colaboração digital está no detalhe e na atitude

A engenharia digital já não é exclusividade dos gigantes nem uma moda passageira. É uma oportunidade genuína de transformar a colaboração, crescer profissionalmente e elevar o padrão de cada projeto. Aceite o desafio, agora é mais fácil – e acessível – do que nunca.

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